quarta-feira, 26 de maio de 2010

Outro

Um pouco de paz e sossego. Era tudo quanto queria. Flutuar neste vasto e vazio beachbreak. Pouco me importa que as ondas estejam más. Esrou sozinho no oceano e issso chega-me. Acho que me percebes. Eu e tu não somos assim tão diferentes. Acho que esse é que é o problema.
Vejam agora, que se passa? Uma pick-up estacionada para lá da berma. Em cima sa areia. Saiem de lá dois tipos. São surfistas. Vejo pelo modo como olham fixamente para o mar. E depois olham para mim. Já sei o que se vai seguir. Começam a tirar os fatos e a aquecer na areia. Escusado será dizer o que se segue: ali, no meio de centenas de kilometros vazias, os unicos surfistas que vi em dias, remam para fora e colam-se a mim.
Aceno para eles.
Eles acenam para mim.
Não há mais nada a dizer.
Dentro de minutos estaremos provavelmente a disputar ondas mas agora até estou contente por os ver.
É uma forma de insanidade, acho.
Essa gente que fala muito alto, que se mostra nervosa e disputa ondas, parece-se comigo. Thrusters e calções. Rostos compenetrados. Odeiam crowd. Adoram tubos. Desejavam que eu não estivesse ali.
Bem, o truque é mexer-me muito. Eles fazem o mesmo. Tento ficar quieto. Para deixar que eles andem à volta até ficarem sem fôlego. Fecho os olhos e entro em modo Zen.
É tudo uma questão de perspectiva. Está tudo na minha cabeça.
Não, tambem não funciona.
Entrar e sair. Fechar os olhos. Más vibrações para o cosmos. Sou um problema igual a todos os outros, isso pode chatear-te, isso pode apaixonar-te. O resultado é o mesmo.
Aqui estou. Sozinho nos confins do nada. Encontrei finalmente a minha paz e sossego neste trecho de costa remoto. E aparecem estes tipos. A culpa é minha.
Somos aquilo que resistimos ser. Destruimos o que amamos. Não reconhecemos o nosso reflexo. Desta vez, vou sozinho. Vou de carro. Guio, guio e guio. Foi assim que cheguei aqui.
A deambular. A surfar. Sozinho. Finalmente, a surfar sozinho.
E aí vêm eles. Viram o seu reflexo no mar e vieram atrás dele.
Até é bom. Já me sentia um pouco só.

terça-feira, 25 de maio de 2010

A decisão de começar um blog

Aloha.

Todos costumam começar um blog por todas e mais diversas razões: porque precisam de desabafar, porque são muito criativos e não encontram mais lado nenhum onde possam mostrar essa face, porque estão perdidamente apaixonados por alguem e se sentem frustrados, ou muita necessidade de deitar tudo cá para fora (no bom sentido do termo)... pois, eu não.
Para desabafar tenhos os meus amigos, tenho onde largar a minha criatividade e se estou perdidamente apaixonado só sinto necessidade de mostrar a essa pessoa, apenar de todo o restante mundo notar.
Eu vou começar a escrever um blog porque... levei porrada. É verdade.
Ao contrario do que muitos sentiriam, vergonha e fraquesa, eu só quero dizer três ou quatro coisas.
Não me sinto mais fraco por isso, mas secalhar sou mesmo, visto que tal facto me fez começar a escrever num blog.
Depois de me levantar do chão, já não havia ninguem à minha volta, nem barulho, nem um unico cheiro a "pessoa".
Dois segundos depois desse levantar perguntei-me que genero de pessoa é que tinha necessidade de fazer tal coisa.
Três segundos depois... E porquê a mim? Eu que não faço nada de má fé a ninguem.

Apesar de ser estranho, a verdade é que a certas pessoas a simples existência de outras (e determinadas) pessoas é razão para não gostarem delas.
Admito que me deixa um bocado incomodado e triste por saber que a minha simples existencia causa transtorno a alguem. Queria poder pedir-lhe desculpa.

Depois, porque é que me atiraram ao chão e não me deixaram falar? Será porque eu não digo nada que lhes interesse? Será que eles acham que eu não sei falar nada como deve ser? Será que é por não terem argumentos para me fazerem aquilo? Então, porque fariam? Será...? Serei...? Seria...? E se não fosse? Não sei.

Isto não é de forma alguma um desabafo, até porque não tenho nada para desabafar, só tenho umas dores nas costas e nas pernas mas nada que me faça parar por um segundo.
A seguir, fiz uma tentativa de ir surfar, mas mal me tentei meter em pé, as pernas não aguentaram. Estavam demasiado magoadas. Isso sim deixou-me triste!
Mas eu não guardo ressentimentos por coisas destas. Se o odeio? Não, não mesmo, nada. Eu até gosto dele, deve ser boa pessoa lá para os dele. Ou menos não faz mal aos seus. (Acho eu.)

Amanhã já estou melhor. Amanhã já me meto em pé. Mas amanhã não vou saber bem o "porquê?" e admito que me vai tirar uma horinha de sono estar a pensar nisto.

Não queria tanto um texto com qualidade, só queria começar com alguma coisa.

Hoje é o dia!

Um dia vou começar a escrever um blog...